sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Cartas da Rainha Catarina de Aragão



Resumo histórico: Era o ano de 1505 e Catarina de Aragão, em seus vinte anos, vivia um estado caótico de abandono, carecendo de recursos para pagar seus serventes, alimentar-se e vestir-se, conforme exigia sua posição; o assunto do dote trouxe-a para a rua da amargura. Henrique VII deixou claro que se o dote não fosse entregue, não cumpriria com sua promessa de casá-la com seu outro filho, o príncipe Henrique (futuro Henrique VIII, na época dos quatorze anos), quando este alcançasse a maioridade. Por outro lado, Fernando o Católico, recentemente viúvo de Isabel, a Rainha de Castela e possivelmente em vésperas de casar-se com Germana de Foix, carecia de fundos para pagar o dote. De fato, o Rei de Aragão, não parecia importar-se o mínimo com sua filha mais nova, “já possuía bastante preocupação em engendrar um descendente varão para herdar sua coroa”. Vamos então ler as palavras da própria Catarina, expondo seu triste dilema:
”Eu tenho dívidas em Londres e não as contraí por comprar coisas extravagantes, ou sequer aliviar meu povo*, que realmente necessitam e sim, apenas para conseguir alimento. O Rei da Inglaterra disse que não é obrigado a dar-me nada e que até a comida que me proporcionava provinha de sua boa vontade; já que Vossa Alteza não cumpriu com sua palavra à respeito do dinheiro de meu dote. Disse-lhe que acreditava que com o tempo, Sua Alteza saldaria com a dívida. Ele me disse, que isso iria ver.
Não tenho nenhuma roupa e portanto, imploro a Vossa Alteza, por sua vida, que me atenda. Vendi umas pulseiras para comprar com o valor, um traje de veludo negro, pois andava quase despida. Desde que cheguei da Espanha pude apenas comprar dois vestidos, que são os que até agora levo comigo, mas já não me servia mais o de brocado. Por este motivo, eu suplico à Vossa Alteza, que dê ordens para que remedie-se o que foi dito, pois desta maneira, não poderei continuar vivendo.
A humilde serva de Vossa Alteza, que beija suas mãos, a Princesa de Gales.”